Nove clubes da Região Autónoma da Madeira com representação nacional, nas mais diversas modalidades desportivas, uniram-se esta manhã numa conferência de imprensa conjunta que teve como objetivo manifestar as preocupações que assolam estas instituições desportivas. O presente e futuro do panorama desportivo da RAM encontra-se posto em causa com uma eventual não aprovação do Orçamento da Região para 2024.
Na sala de imprensa do Estádio dos Barreiros, uniram-se os presidentes do CD Nacional, CS Marítimo, AD Camacha, AD Machico, CS Madeira, Académico do Funchal, CAB-Madeira e AD Galomar.
Carlos André Gomes, presidente do Marítimo, iniciou a conferência para destacar que “a Madeira vive numa conjectura política de alguma instabilidade, que se revela, acima de tudo, na mensagem que é passada para o exterior quanto à dificuldade em aprovar o orçamento da Região, e que estes clubes querem alertar os nossos políticos – nada tem a ver com situações partidárias, mas sim com a preocupação genuína dos dirigentes aqui presentes sobre o caminho que se preconiza para o futuro do desporto regional. Se o orçamento não for aprovado, há um risco muito grande de alguns destes clubes não conseguirem suportar os seus custos no dia a dia. Todos em conjunto temos uma grande representação a nível nacional e regional no desporto, que implica custos elevadíssimos e esses não podem estar dependentes de uma aprovação ou não do Orçamento Regional. O OR2024 ser rejeitado representa uma ruptura financeira. Apelamos a todos os partidos, sem excepção, que mais do que olharem para os seus egos pessoais, pensem no futuro da RAM e no futuro do desporto da Região.”
Ricardo Pestana, líder do Madeira Andebol SAD, vincou que “todas as instituições têm compromissos assumidos e que consolidar a próxima época desportiva. Para essa consolidação, temos que saber e ter garantias dos apoios que estão pendentes de uma aprovação do Orçamento da Região. Uma não aprovação pode deitar abaixo anos e anos que a RAM apostou no desporto.”
A fechar, Rui Alves, presidente do CD Nacional, começou por “endereçar os parabéns ao presidente da Câmara Municipal de Machico por ter, no seu concelho, uma representação tão importante do ponto de vista social, cultural e desportivo como é a AD Machico. Enviar também os parabéns ao presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz por ter no seu concelho uma instituição com a grandeza e representatividade da AD Camacha. Os parabéns à presidente da Câmara Municipal do Funchal por ter no seu seio instituições como o Nacional e o Marítimo, que tanto representam do ponto de vista social, cultural e histórico da RAM.”
Rui Alves vincou que “nenhum sector da vida pública madeirense foi tão responsável pela nossa inclusão no todo nacional como o desporto. Só o desporto fez com que os madeirenses hoje aterrem em Lisboa ou no Porto sem vergonha. Foi o edifício do desporto na RAM que levou a que a Madeira tenha o maior embaixador de Portugal no mundo, que é o Cristiano Ronaldo e ainda o atleta com mais presenças nos Jogos Olímpicos. Foi este desporto que emancipou o povo madeirense no quadro da República Portuguesa. É por este desporto que todos estamos hoje aqui.”
Rui Alves considerou que ” não é o grito do Ipiranga, mas talvez um grito de socorro. Todos sabem que em resultado das últimas eleições legislativas regionais, temos um quadro parlamentar de equilíbrio delicado e, dos quais, emergem normalmente egos pessoais que atrapalham e contradizem todo o posicionamento dos partidos, quando se apresentam ao acto eleitoral. Todos, sem excepção, apresentam-se em nome dos superiores interesses da Madeira. E é em nome dos interesses superiores da Madeira que nós estamos aqui, porque o desporto está ao serviço do povo. E em nome dos cinco mil atletas federados que a Região tem, em nome do caos que a rotura das nossas instituições poderia trazer a esses jovens e à sua formação, que todos estamos aqui.”
“E se nós estamos todos aqui, os lideres partidários também têm que estar. Porque não vão querer ficar na história pela morte de qualquer uma destas instituições. Vamos cobrar muito caro todo o vosso comportamento, se na hora da verdade o umbiguismo partidário falar mais alto que os superiores interesses da Madeira.”
O presidente alvi-negro apelou “ao presidente da Assembleia Legislativa Regional, com a sua capacidade de influência, que tenha em atenção que estas instituições precisam de um quadro estável de governação. O desporto não consegue sobreviver com um governo de gestão. O desporto não consegue viver sem orçamento”, vincou o dirigente.
A finalizar, disse que “se os partidos não o fizerem, vou convidar os sócios do Nacional, os atletas e os pais dos nossos atletas a fazerem uma marcha dentro da Assembleia Regional. Acredito que o bom senso falará mais alto e que na próxima semana teremos um programa de governo e, até ao final do mês, um orçamento aprovado”, conclui.